Escarlate Cap #8

CAPÍTULO 8

              Meus olhos se fecham novamente e sou sugada para um lugar frio. Uma floresta imensa e gelada. Há árvores brancas, folhas congeladas caídas ao chão. Estou sentada á margem de um lago vermelho que pelo cheiro só pode ser sangue.

A imagem de Luke se constrói gradativamente. Olho para o céu lilás e alaranjado. Tudo está morto e congelado. Meus pés ardem no chão de gelo. A mão de Luke se estende para que eu a segure.

- Onde estamos? - Minha voz sai mais como um gemido do que uma pergunta assustada.

- No paraíso das almas que não foram perdoadas ou simplesmente no inferno. – Vejo um leve sorriso enchendo o rosto dele. Percebo seus olhos vermelhos e injetados. Seguro firme sua mão e respiro levemente.

- Vamos embora daqui. – Digo enquanto Luke se aproxima e me abraça, mas não sinto seu corpo em mim. Sinto apenas o vento.

- Não posso te acompanhar. Não mais.

- Por quê? Eu te perdoo. Eu acredito que você me ama e eu tenho o poder para te levar comigo.

- Você não pode. Minha alma não é mais uma que pode ser salva. Eu não quero voltar Ali. Você só pode levar embora quem quiser ir. E eu não quero. Você conseguiu matar Evan, mas eu já estava morto antes de você voltar para o dia da minha morte. Eu sou um vampiro Alice. Um vampiro que não te ama mais.

- Eu me transformei por sua causa. Eu morri pra te ter Luke!

- Eu não quero te machucar Ali. Nós dois já não somos as mesmas pessoas. Volte e dê uma chance para quem sempre te amou de verdade e me esqueça. Para sempre.

Faço que sim com a cabeça e Luke começa a desaparecer. Sinto meu sangue congelando. Ouço a voz de Benjamin. Num instante pareço estar morta. Vejo-me afogada dentro do lago vermelho. Estou completamente morta no fundo do lago. Então minha outra parte aparece.

- Você tem que decidir se ficará para sempre afogada em um passado inútil ou voltará e usará seu poder para o bem.

Continuo morta. 

Vejo Evan e ouço sua risada reverberando minha mente. Ele desaparece. Está morto também.

- Vamos! Salve-se a si mesma.- Minha própria voz diz.

Uma onda de calor toma meu corpo. Abro meus olhos e Benjamin está me segurando com os olhos cheios de lágrimas. Nunca imaginei que ele pudesse produzir lágrimas. Olho confusa para ele.

- Onde estou?

- Você está na casa de Ethan. O tempo acabou. Pensei que quando o frasco de sangue explodisse você voltaria, mas não aconteceu. Seu corpo estava morto. O seu e de Luke.

- Luke não quis voltar.

- O corpo dele se desvaneceu. Mas o seu continuou intacto. Pensei que iria te perder Ali.

- Você me perder?

Olho ao redor e vejo que estou sozinha em um quarto gigantesco com Benjamin praticamente deitado em cima de mim.

- Eu te amo Ali. – Os olhos dele brilham e sinto a ponta de seus dedos passando pela minha nuca, entorpecendo cada parte do meu corpo.

- Eu voltei para você. – Digo quase como uma pergunta.

- Você voltou para ajudar as almas que ainda não cumpriram a sua devida missão. Você não é uma simples vampira Ali.

***

- Acho que ela vai se sentir bem daqui algumas horas. – Digo para Benjamin olhando para a garotinha que havia acabado de voltar à vida de uma maneira milagrosa.

- Ouvi os médicos dizendo que fora um grande milagre ela não ter morrido no acidente de carro causado por um motorista dirigindo bêbado que perdeu o controle e bateu no carro da família da garota. Os pais estão bem, os ferimentos não foram graves. – Benjamin sorri.

- Podemos fazer um lanchinho no banco de sangue agora. Que tal? – Sorrio para o vidro que nos separa do quarto da pequena garota de cabelos loiros e encaracolados que eu tinha acabado de trazer de volta a vida. Minha outra parte cuidou para que ela fizesse a transição de volta para a Terra. Já a minha outra parte que se sentia completamente viva novamente pedia por sangue e um pouco de romance.

Dentro da sala de banco de sangue Benjamin joga um saquinho de sangue para mim. Olho com malicia para ele e jogo o saco no chão e o encosto na parede.

- Acho que a minha sede por você está maior do que a de sangue.

- Ah é. – Benjamin me coloca sobre a mesa. – Então vamos aproveitar que o hospital está vazio. – Faz um mês que trabalhamos aqui e isso nunca acontece.

Beijamo-nos e rasgamos a roupa de enfermeiro um do outro. Benjamin morde meu pescoço. Solto um gemido de prazer. Passo a mão em sua nuca subindo para seu cabelo encaracolado

- Acho que formamos um belo par. – Ele diz e me beija o corpo todo.

- Não tenho duvidas em quanto a isso. Dou uma mordida de leve no pescoço dele e sinto que perdi tanto tempo para encontrar algo que eu sempre tive. O meu grande amor não tinha morrido. Estava ali do meu lado e eu precisei me tornar uma vampira, para entender e ama-lo pelo resto da eternidade.

Fim?